Grupo de trabalhadores pode manter Bolsa Família mesmo com renda; confira
O Bolsa Família pode interromper os pagamentos de beneficiários cuja renda aumente, exceto de um grupo específico de trabalhadores.
O Bolsa Família representa uma das políticas sociais mais relevantes do Brasil, voltada para a redução da pobreza e da desigualdade. Criado para atender famílias em situação de vulnerabilidade, o programa garante um suporte financeiro básico que ajuda milhões de brasileiros a terem acesso aos seus direitos.
Nos últimos anos, a dinâmica de adesão e manutenção do benefício passou por ajustes importantes, justamente para acompanhar as mudanças no mercado de trabalho e nas formas de renda. Esse acompanhamento contínuo se faz necessário em muitos casos.
Muitas famílias dependem de trabalhos temporários ou informais, que variam conforme a sazonalidade e podem impactar o cálculo da renda familiar. Nesse cenário, iniciativas legislativas buscam adaptar as regras de acesso para que trabalhadores não percam direitos fundamentais.

Neste artigo, você vai ver:
Trabalhadores de safra podem manter Bolsa Família
O Projeto de Lei 299/2025 trouxe uma mudança significativa ao permitir que trabalhadores de safra continuem recebendo o Bolsa Família mesmo quando firmarem contratos temporários. A proposta exclui os salários sazonais do cálculo da renda per capita familiar, medida que evita a exclusão de famílias.
Esse avanço reconhece a realidade dos safristas, que vivem de empregos concentrados em períodos curtos e, muitas vezes, alternam meses de trabalho intenso com fases de ausência de renda. Assim, a continuidade do benefício garante estabilidade em meio à instabilidade característica da agricultura.
O texto aprovado na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara foi relatado pelo deputado Coronel Meira (PL-PE), com autoria do deputado Evair de Melo (PP-ES).
Ambos defenderam que a medida corrige uma injustiça, já que trabalhadores formais temporários não podem ser punidos por buscar contratos que garantam sustento imediato. Dessa forma, o projeto se alinha à necessidade de assegurar direitos sociais a estes grupos.
Por que o governo decidiu essa ação?
O governo e os parlamentares entenderam que o trabalho por safra integra a dinâmica produtiva agrícola do país e sustenta economias regionais inteiras, especialmente no Nordeste, local em que a prática é ainda mais explorada.
Municípios do Vale do São Francisco, no Rio Grande do Norte e no Ceará, por exemplo, dependem fortemente da fruticultura irrigada, atividade que exige grande número de trabalhadores em períodos específicos.
Se esses contratos levassem à perda imediata do Bolsa Família, muitos safristas poderiam optar por não se formalizar, comprometendo a disponibilidade de mão de obra e a própria produção agrícola. Portanto, a decisão reflete um equilíbrio entre proteção social e incentivo ao desenvolvimento econômico.
Ao permitir que os safristas mantenham o benefício, o projeto evita que as famílias enfrentem insegurança alimentar nos meses sem colheita e, ao mesmo tempo, assegura que os empregadores tenham acesso à mão de obra necessária.
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Incentivo à formalização do trabalho
Outro ponto fundamental do Projeto de Lei 299/2025 está no incentivo à formalização. Muitos trabalhadores rurais preferem não assinar contratos por medo de perder o Bolsa Família, o que gera informalidade e falta de proteção trabalhista.
Com a mudança proposta, os safristas terão segurança para aceitar contratos legais, acumulando benefícios como registro em carteira, contribuição previdenciária e acesso a direitos trabalhistas. Assim, a formalização deixa de ser uma ameaça e passa a ser uma oportunidade.
O texto também prevê a criação de um sistema eletrônico para registro de contratações, desenvolvido pelo Poder Executivo. Esse mecanismo dará transparência, facilitará a fiscalização e permitirá maior controle sobre o cumprimento da lei.
Por fim, o relator reforçou que a proposta não pretende incentivar dependência de benefícios sociais. O objetivo é garantir que a busca pelo trabalho formal não resulte em perda de direitos básicos. Ou seja, o foco recai sobre a promoção de alternativas sustentáveis, em que o Bolsa Família seja suporte.
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Regra de proteção do Bolsa Família para demais beneficiários
Além do caso dos safristas, o Bolsa Família já possui um dispositivo chamado regra de proteção, criado para impedir que famílias percam o benefício imediatamente ao conseguirem aumentar a renda. Essa regra funciona como uma transição.
Basicamente, quando a família ultrapassa o limite de renda por causa de um novo emprego, ela continua recebendo o programa por mais dois anos, mas em valor reduzido. Essa etapa dá fôlego para que os beneficiários se ajustem financeiramente.
A regra de proteção atende trabalhadores que passam a ganhar um pouco mais que o limite per capita exigido, mas ainda não alcançaram estabilidade econômica. Dessa forma, evita-se que pequenas melhorias na renda resultem na exclusão imediata.
Entretanto, o dispositivo não cobre todos os cenários da economia sazonal, já que a renda dos safristas apresenta oscilações bruscas em curtos períodos de tempo. Por isso, o Projeto de Lei 299/2025 complementa essa lacuna, trazendo uma regra específica para quem depende do trabalho agrícola.
Com isso, o governo preserva a lógica da proteção já existente, mas adapta as normas às particularidades do meio rural, reforçando o compromisso de garantir dignidade às famílias que dependem do Bolsa Família.
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