Suas fotos podem ajudar golpistas: entenda como o golpe do INSS funcionava
O golpe do INSS utilizava selfies de segurados para fazer a aprovação de descontos no benefício sem que a pessoa soubesse.
Com o avanço da tecnologia e a crescente digitalização dos serviços públicos, golpes digitais também se multiplicaram, afetando milhões de brasileiros. Criminosos têm se aproveitado da falta de familiaridade de muitos usuários com plataformas online para aplicar fraudes que comprometem sua segurança.
Esse cenário se agrava especialmente entre os segurados de programas como o INSS, público mais vulnerável por conta da idade, da baixa escolaridade ou do acesso restrito à internet. As tentativas de fraude variam entre ligações falsas, sites clonados e descontos indevidos direto nos benefícios.
Assim, compreender como essas fraudes ocorrem, o que o governo tem feito para enfrentá-las e como os recursos serão devolvidos torna-se fundamental para proteger os segurados e restaurar a confiança nos serviços públicos, o que pode demorar.

Neste artigo, você vai ver:
Como o golpe do INSS funcionava?
O golpe do INSS operava de maneira estruturada e silenciosa, aplicando descontos mensais nos benefícios de aposentados e pensionistas sem autorização prévia. As fraudes consistiam na inclusão dos segurados como associados a entidades de classe fictícias ou sem vínculo formal.
Nisso, ocorriam cobranças de mensalidades automáticas diretamente na folha de pagamento. Em muitos casos, o beneficiário só percebia a existência do desconto ao conferir extratos detalhados, algo que poucos faziam com frequência.
Essa prática se estendeu ao longo de anos e atingiu milhões de brasileiros em todo o país, gerando prejuízos que somam mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024. As investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela CGU revelaram que essas associações manipulavam os sistemas do INSS.
A fragilidade no sistema de validação permitia que os dados fossem inseridos sem confirmação por parte do titular, facilitando o desvio contínuo de valores por longos períodos. O golpe se aproveitava da complexidade e da falta de transparência no processo de autorização de descontos.
Além disso, os canais de atendimento limitados dificultavam a contestação dos valores descontados. Muitos segurados não tinham acesso ao aplicativo Meu INSS nem conseguiam entrar em contato com a central telefônica 135, principal meio de esclarecimento de dúvidas.
Como consequência, os golpes persistiram sem resistência significativa, até que as denúncias ganhassem força na imprensa e forçassem uma resposta por parte do governo. A gravidade do esquema, a extensão do prejuízo e o perfil vulnerável das vítimas colocaram o caso no centro do debate público.
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Governo está tomando medidas para contornar a situação
Diante da repercussão nacional e da gravidade dos desvios, o governo federal iniciou uma série de medidas para reverter os danos e responsabilizar os envolvidos. Uma das primeiras ações foi suspender todos os convênios entre o INSS e entidades que realizavam descontos associativos nos benefícios.
Essa decisão buscou interromper de imediato a fonte da fraude e evitar que novos casos ocorressem. Em paralelo, a Advocacia-Geral da União (AGU) iniciou processos para bloquear judicialmente os bens das associações suspeitas, com o objetivo de recuperar parte dos recursos desviados.
A operação policial também provocou mudanças internas no comando do INSS. O então presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial e posteriormente demitido. Poucos dias depois, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, também deixou o cargo.
As investigações seguem em andamento, com apoio da Controladoria-Geral da União, e o governo promete que os responsáveis enfrentarão punições administrativas e judiciais. Ao mesmo tempo, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento estudam alternativas para ressarcir o dinheiro.
Técnicos avaliam a possibilidade de utilizar créditos suplementares, realocar verbas ou até recorrer ao Judiciário para forçar as associações a devolverem os valores. A Junta de Execução Orçamentária foi acionada para definir o caminho financeiro mais viável e urgente.
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Devolução dos valores captados no golpe do INSS
O governo já confirmou que os segurados prejudicados receberão de volta os valores descontados indevidamente, embora ainda não exista um cronograma oficial definido. Segundo o Ministério da Fazenda, o ressarcimento ocorrerá dentro dos limites do orçamento após a confirmação do golpe.
Isso significa que os beneficiários precisarão consultar os extratos no aplicativo Meu INSS ou na central 135 e verificar se há registros de descontos não autorizados. Se confirmada a cobrança irregular, o processo de devolução será iniciado.
O pagamento dos valores recuperados pode ocorrer em etapas, conforme a liberação dos recursos e a conclusão das análises. Além disso, o governo trabalha com a possibilidade de reter recursos bloqueados das associações envolvidas para garantir uma devolução mais rápida e menos onerosa para os cofres.
Caso os valores recuperados não sejam suficientes, o Tesouro Nacional poderá complementar a diferença, mas apenas para os casos comprovadamente lesados. Essa medida evita o pagamento indiscriminado e assegura maior controle e justiça no ressarcimento.
Enquanto o processo avança, o INSS orienta todos os segurados a consultarem regularmente o extrato de pagamentos e ficarem atentos a qualquer desconto estranho vinculado a entidades desconhecidas. Também reforça que nenhum desconto pode ser realizado sem autorização formal.
Assim, os beneficiários podem atuar de forma proativa na proteção de seus direitos. A devolução dos valores marca não apenas a reparação do prejuízo financeiro, mas também o compromisso do Estado em proteger a população contra fraudes no sistema previdenciário.
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