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Mais de 1.100 cidades recebem mais BPC do que Bolsa Família: conheça as regras de ambos

O BPC está ultrapassando os beneficiários do Bolsa Família em algumas regiões do Brasil, mudando paradigmas dos benefícios sociais.

O Benefício de Prestação Continuada, conhecido como BPC, é uma importante política de assistência social brasileira voltada à população em situação de vulnerabilidade extrema. Nos últimos anos, o BPC ganhou destaque e cresceu em proporção, superando outros benefícios sociais.

Previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), o benefício assegura o pagamento mensal de um salário-mínimo a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência de qualquer idade, desde que comprovem baixa renda.

Diferente de benefícios previdenciários, o BPC não exige contribuição anterior ao INSS, tornando-se uma alternativa vital para quem nunca pôde contribuir formalmente. Com isso, o programa desempenha papel crucial na proteção da dignidade, no combate à pobreza e na promoção de inclusão social.

O BPC está aos poucos superando o Bolsa Família como benefício social mais concedido.
O BPC está aos poucos superando o Bolsa Família como benefício social mais concedido. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / bolsadafamilia.com.br

BPC supera Bolsa Família em algumas regiões

Dados recentes revelam que o BPC já consome mais recursos do que o Bolsa Família em 1.167 municípios brasileiros. Essa inversão ocorreu de forma acelerada: em 2023, esse número era de apenas 492 cidades, o que demonstra um crescimento de 137% em apenas dois anos.

O fenômeno não se restringe a localidades pequenas; capitais como Curitiba, Belo Horizonte, Campo Grande, Goiânia e Recife também registram maior peso do BPC em seus orçamentos assistenciais. Em todos esses casos, o valor individual do benefício ajuda a explicar esse avanço.

Atualmente, o BPC paga mensalmente R$ 1.518 por pessoa, valor que equivale ao salário-mínimo nacional. Em contrapartida, o Bolsa Família apresenta um valor médio de R$ 660 por família, que pode aumentar dependendo de algumas condições.

Mesmo com um número absoluto menor de beneficiários — cerca de 6,2 milhões em março de 2025, contra 20,5 milhões de famílias no Bolsa Família — o valor mais elevado do BPC faz com que o impacto orçamentário seja relevante.

O orçamento federal reflete essa tendência: em 2025, estão previstos R$ 158,6 bilhões para o Bolsa Família e R$ 112 bilhões para o BPC. Apesar do Bolsa Família ainda contar com maior volume total de beneficiários, o BPC se consolida como a principal fonte de renda para diversas famílias.

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Por que o BPC está crescendo mais do que o Bolsa Família?

O crescimento expressivo do BPC decorre de uma série de fatores legais, administrativos e sociais ocorridos nos últimos anos. Um dos principais impulsionadores foi a mudança na legislação em 2020, que passou a permitir a concessão de mais de um benefício por núcleo familiar.

Antes disso, apenas um integrante da família poderia receber o BPC, o que limitava seu alcance. Agora, vários membros da mesma casa podem ser contemplados, o que ampliou de forma significativa o número de repasses.

Outro fator importante foi a reforma da Previdência de 2019, que endureceu as regras de acesso à aposentadoria. Com mais dificuldade para se aposentar, muitos idosos recorreram ao BPC como alternativa de proteção social, o que também impactou diretamente na sua demanda.

Além disso, houve a ampliação do reconhecimento de deficiências aptas ao benefício, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que hoje representa 17% dos pedidos de BPC para pessoas com deficiência. A crescente judicialização das solicitações também teve papel relevante nesse cenário.

O aumento real do salário-mínimo também contribuiu para elevar o número de pessoas elegíveis, uma vez que o critério de renda familiar per capita para receber o BPC continua atrelado a ¼ do salário-mínimo. Como resultado, famílias que antes estavam fora do limite agora passaram a se enquadrar.

Somam-se a isso os esforços do governo em reduzir a fila de espera do INSS, agilizando a análise de pedidos e resultando em 31 meses consecutivos de crescimento no número de beneficiários. Assim, o BPC se expande não apenas por demanda social, mas também por transformações institucionais.

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Entendendo as regras dos benefícios

Tanto o BPC quanto o Bolsa Família possuem regras específicas de acesso, embora compartilhem a exigência de inscrição no CadÚnico. Conhecer as condições de elegibilidade é fundamental para compreender o perfil dos beneficiários e as diferenças entre os programas.

Regras do BPC

O BPC é destinado a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência de qualquer idade. A principal exigência é que a renda familiar por pessoa seja inferior a ¼ do salário-mínimo (R$ 379,50 em 2025, considerando o salário mínimo).

Para pessoas com deficiência, o INSS realiza avaliações médicas e sociais para comprovar o impedimento de longo prazo. Não é necessário ter contribuído com a Previdência Social, o que torna o benefício acessível a quem esteve à margem do sistema formal de trabalho. O valor pago é de um salário.

Regras do Bolsa Família

O Bolsa Família é voltado para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Os critérios exigem que a renda familiar mensal por pessoa não ultrapasse R$ 218. As famílias devem manter as crianças e adolescentes frequentando a escola, realizar o acompanhamento de saúde e vacinal.

O valor médio do benefício gira em torno de R$ 660 por família, podendo variar conforme a composição familiar, idade dos filhos e presença de gestantes ou lactantes. Ao contrário do BPC, o programa tem foco em núcleos familiares inteiros e exige o cumprimento de condicionalidades sociais.

Ambos requerem cadastro no CadÚnico

Apesar das diferenças, tanto o BPC quanto o Bolsa Família exigem que os beneficiários estejam devidamente inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, conhecido como CadÚnico, a porta de entrada para benefícios sociais.

Esse registro centraliza informações sobre a renda, composição familiar e condições de moradia, permitindo ao governo verificar se o cidadão atende aos critérios exigidos. A atualização do CadÚnico deve ocorrer a cada dois anos ou sempre que houver mudança significativa nas informações familiares.

O não cumprimento dessa exigência pode levar à suspensão do benefício. Por isso, é fundamental que os beneficiários compareçam ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) sempre que convocados e mantenham os dados atualizados.

Além disso, o uso do aplicativo Meu CadÚnico facilita o acompanhamento da situação cadastral, permitindo a consulta de informações em tempo real e evitando bloqueios inesperados. A integração entre BPC e Bolsa Família, por meio do CadÚnico, é uma forma simples de conceder ambos.

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