NotíciasBolsa Família

Bets vão bloquear beneficiários do Bolsa Família? Chega de apostas!

Com o crescente uso do Bolsa Família para a realização de apostas online, os sites responsáveis podem ser obrigados a bloquear beneficiários.

O Bolsa Família é um dos principais programas de transferência de renda do Brasil, voltado à proteção social de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Por meio dele, milhões de brasileiros recebem mensalmente um valor que ajuda na alimentação, na saúde e na educação de suas crianças.

Esse benefício tem caráter essencialmente assistencial, sendo direcionado para pessoas com renda per capita de até R$ 218 por mês. Com mais de 54 milhões de beneficiários, o programa representa uma importante ferramenta de combate à fome e à desigualdade, especialmente nas regiões vulneráveis.

Entretanto, preocupações recentes têm surgido sobre o uso indevido desses recursos, levando a debates sobre a melhor forma de protegê-los. A discussão envolve inclusive o uso de dinheiro do programa para finalidades como apostas online, o que acendeu o alerta de instituições e autoridades.

Os dias de quem usa o Bolsa Família para apostar em bets podem estar contados. Confira.
Os dias de quem usa o Bolsa Família para apostar em bets podem estar contados. Confira. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / bolsadafamilia.com.br

Beneficiários do Bolsa Família estão usando benefício para apostas

Nos últimos meses, dados divulgados pelo Banco Central revelaram que beneficiários do Bolsa Família movimentaram cerca de R$ 3 bilhões em apostas esportivas realizadas em sites conhecidos como “bets”. Essa prática chamou a atenção de entidades sociais, que enxergam um desvio preocupante.

Embora o valor total represente uma fração do que circula no mercado de apostas, o fato de verbas públicas com objetivo assistencial financiarem esse tipo de atividade acende um alerta ético e social. Afinal, o programa visa garantir direitos básicos e não deveria alimentar práticas de risco financeiro.

Com base nesses números, organizações como a Educafro e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Mônica Paião Trevisan entraram com uma ação judicial na tentativa de interromper esse cenário e evitar que se complique ainda mais.

A petição, protocolada no dia 23, solicita que as empresas de apostas bloqueiem o acesso de pessoas cadastradas no CadÚnico, impedindo-as de criar contas ou realizar apostas. O argumento é que permitir esse uso dos recursos contribui para o agravamento da vulnerabilidade social.

As entidades ainda destacam o impacto psicológico e econômico que o vício em apostas pode provocar, especialmente em famílias que dependem inteiramente do Bolsa Família para sobreviver. Além da proibição, os sites de apostas devem exibir alertas obrigatórios em todas as suas campanhas publicitárias.

Esses avisos devem informar que os recursos de programas sociais não podem ser usados para jogos, além de trazer mensagens educativas sobre os riscos associados a esse tipo de atividade. A ação também inclui pedido de indenização de R$ 500 milhões em caso de condenação.

Veja outros: Seu CadÚnico está fora do ar? Veja o passo a passo para conseguir acessar novamente – Bolsa Família

Sites de bets podem ter que bloquear beneficiários

Caso a Justiça acate o pedido das entidades, os sites de apostas terão que implementar, dentro de 90 dias, um sistema para impedir o cadastro e a participação de beneficiários do Bolsa Família. Os advogados pedem que o governo compartilhe com as plataformas os CPFs dos inscritos no programa.

Essa proposta levanta debates sobre a proteção de dados pessoais, a efetividade da medida e os limites da intervenção estatal sobre o setor privado. Ainda assim, as entidades defendem que o combate ao uso indevido de verbas públicas justifica a ação.

A medida também afetaria diretamente o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), que representa as principais empresas do setor no país. A entidade é uma das rés no processo e poderá ser responsabilizada solidariamente caso os sites não cumpram as exigências.

O objetivo é criar responsabilidade compartilhada entre governo, plataformas e entidades de autorregulação, evitando que cada lado se exima do dever de fiscalizar o uso consciente do jogo online. A exigência de transparência e rastreabilidade nas transações também seriam obrigatórias.

Ao mesmo tempo, cresce a expectativa sobre a resposta das empresas de apostas, que ainda não se manifestaram oficialmente. Caso o bloqueio se torne obrigatório, será necessário criar ferramentas de cruzamento de dados com o CadÚnico, além de filtros nos sistemas de registro de usuários.

Embora tecnicamente possível, a implementação desses mecanismos pode demandar tempo, investimentos e acordos legais sobre o uso e a proteção das informações compartilhadas. No entanto, o debate sobre a responsabilidade social dessas empresas pressiona o setor a assumir um papel mais ativo.

Veja mais: Calendário de junho do Bolsa Família já tem datas determinadas: confira! – Bolsa Família

Como deve funcionar a verificação do uso do Bolsa Família em bets?

A proposta apresentada à Justiça detalha que o cruzamento de dados entre o governo e os sites de apostas seria o ponto central do controle. Com acesso aos CPFs dos beneficiários, as plataformas seriam obrigadas a negar o cadastro de qualquer pessoa incluída no CadÚnico.

Isso evitaria que o dinheiro do Bolsa Família fosse direcionado para atividades incompatíveis com os objetivos do programa. No entanto, o desafio está em garantir que o acesso a esses dados ocorra com segurança, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e os direitos dos beneficiários.

Além da barreira técnica, os sites de apostas teriam que ajustar suas campanhas publicitárias para incluir mensagens de responsabilidade social. As entidades sugerem que esses alertas sejam exibidos em destaque nos anúncios, de maneira clara e compreensível.

O intuito é reduzir o apelo da propaganda sobre públicos vulneráveis e promover o uso consciente das plataformas. Também foi pedido que as empresas sejam obrigadas a informar, de forma explícita, que o uso de verbas de programas sociais é proibido, buscando coibir esse comportamento desde a divulgação.

Por fim, as entidades pleiteiam que os recursos obtidos com eventuais multas — como a de R$ 500 milhões prevista na ação — sejam revertidos em programas sociais que reforcem a proteção de famílias em situação de vulnerabilidade.

Com isso, o processo ganharia um efeito reparador, canalizando os valores para políticas públicas que combatam a exclusão e incentivem o uso consciente da renda. Caso o Judiciário acolha os pedidos, essa poderá se tornar uma das primeiras iniciativas legais no Brasil a responsabilizar diretamente as bets.

Veja mais: Simples regra pode suspender o Bolsa Família para sempre: não deixe de cumprir! – Bolsa Família

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo